A presbiopia é uma condição ocular comum que afeta a capacidade de enxergar de perto, geralmente a partir dos 40 anos. Vamos explorar o que causa essa mudança, como ela afeta a visão e quais são as opções disponíveis para corrigir o problema.
O que é a Presbiopia?
A palavra “presbiopia” vem do grego presbys, que significa “velho” e opia, que significa “visão”. Trata-se de uma perda progressiva da capacidade de focar em objetos próximos devido ao envelhecimento natural do cristalino — a lente interna do olho. Com o tempo, o cristalino se torna mais rígido e menos flexível, dificultando o ajuste necessário para uma visão nítida em diferentes distâncias.
Principais sintomas da presbiopia:
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Dificuldade em ler textos pequenos ou enxergar objetos próximos.
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Necessidade de afastar o livro ou celular para conseguir foco.
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Olhos cansados ou dores de cabeça após atividades de leitura.
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Visão embaçada ao tentar alternar entre distâncias.
Como a Presbiopia se desenvolve?
A presbiopia normalmente começa a se manifestar entre os 40 e 45 anos e piora gradualmente até cerca de 60 anos. Ela ocorre porque o cristalino do olho, que é responsável por ajustar o foco para diferentes distâncias (um processo chamado acomodação), perde a elasticidade com o tempo. Esse processo é natural e inevitável, afetando até mesmo pessoas que nunca tiveram problemas de visão antes.
Pesquisas, como o estudo de Glasser e Campbell (1998), mostraram que a perda da elasticidade do cristalino está diretamente ligada à modificação das proteínas da lente e à compactação progressiva das fibras do cristalino. Além disso, outro estudo conduzido por Kasthurirangan et al. (2011) destacou que a rigidez do cristalino aumenta exponencialmente com a idade, o que explica a progressão inevitável da condição.
Diagnóstico
O diagnóstico da presbiopia é simples e feito por um oftalmologista ou optometrista. O exame inclui testes de acuidade visual e refração, para determinar o grau de correção necessário para melhorar a visão de perto.
Opções de tratamento
Felizmente, existem diversas formas de corrigir a presbiopia, adaptadas ao estilo de vida e às preferências de cada pessoa. Entre as principais opções estão:
1. Óculos de leitura:
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Ideais para quem não tem outros problemas de visão.
2. Lentes bifocais, trifocais ou progressivas:
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Combinações de graus para visão de perto, intermediária e de longe.
3. Lentes de contato multifocais:
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Disponíveis em versões rígidas (gás permeável) ou gelatinosas.
4. Monovisão com lentes de contato:
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Um olho ajustado para visão de longe e o outro para perto.
5. Cirurgia refrativa:
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Procedimentos como LASIK ou PRK podem ajustar a visão para diferentes distâncias.
6. Implantes de lentes intraoculares:
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Lentes artificiais substituem o cristalino natural para restaurar a capacidade de foco.
De acordo com Charman (2008), cada método tem vantagens e desvantagens dependendo da fisiologia ocular de cada paciente, e a escolha deve ser feita em conjunto com o especialista.
Como prevenir ou retardar a presbiopia?
Embora a presbiopia seja uma parte natural do envelhecimento, alguns hábitos saudáveis podem ajudar a manter os olhos mais saudáveis por mais tempo:
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Alimentação balanceada: rica em vitaminas A, C e E, zinco e ômega-3.
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Hidratação: manter os olhos lubrificados evita desconfortos.
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Proteção solar para os olhos: usar óculos com proteção UV.
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Exercícios para os olhos: ajudam a reduzir a fadiga ocular.
Curiosidades sobre a Presbiopia
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Cerca de 1,8 bilhão de pessoas em todo o mundo convivem com a presbiopia (Holden et al., 2008).
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A condição é universal e independe de fatores como gênero ou etnia.
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A primeira lente bifocal foi inventada por Benjamin Franklin para corrigir sua própria presbiopia.
Conclusão
A presbiopia é uma mudança natural da visão que chega para todos em algum momento. Felizmente, existem muitas opções para manter a qualidade de vida e a clareza visual, desde soluções simples como óculos de leitura até intervenções cirúrgicas avançadas. O mais importante é procurar um especialista ao notar os primeiros sinais.
Referências bibliográficas:
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Holden, B. A., Fricke, T. R., Wilson, D. A., Jong, M., Naidoo, K. S., Sankaridurg, P., ... & Resnikoff, S. (2008). Global prevalence of presbyopia and vision impairment from uncorrected presbyopia. Archives of Ophthalmology, 126(12), 1731-1739.
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Glasser, A., & Campbell, M. C. W. (1998). Presbyopia and the optical changes in the human crystalline lens with age. Vision Research, 38(2), 209-229.
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Kasthurirangan, S., Vilupuru, A. S., & Glasser, A. (2011). Dynamics of accommodative fatigue in humans. Investigative Ophthalmology & Visual Science, 52(8), 5736-5744.
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Charman, W. N. (2008). The eye in focus: accommodation and presbyopia. Clinical and Experimental Optometry, 91(3), 207-225.
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American Academy of Ophthalmology (AAO). (2023). Presbyopia. Disponível em: www.aao.org
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Mayo Clinic. (2023). Presbyopia: Symptoms & Causes. Disponível em: www.mayoclinic.org